quinta-feira, 28 de julho de 2011

Fetiche

O termo fetiche na sua origem significava um objeto material ao qual se atribuíam poderes mágicos. Era usado pelos portugueses para referir-se às imagens religiosas e cultos dos povos africanos. Em 1897 o medico Alfred Binet em seu ensaio "Le Fetichisme dans L'amour" o designou como qualquer coisa que fosse irracionalmente adorada. A sua conotação sexual foi dada pelo psicanalista Sigmund Freud em 1905 no livro “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” no qual tratava da perversão.

No seu sentido atual, o fetichismo seria o desvio do interesse sexual para algumas partes do corpo do parceiro, para alguma função fisiológica, para cenários ou locais inusitados, para fantasias de simulação ou para peças de vestuário, adorno, etc.


No cinema o fetiche sexual esteve presente desde os seus primórdios. Seja no casal se beijando em The May Irwin Kiss (1896) de Thomas Edison ou no banho com nudez parcial de Apres le bal (1897) de George Melies.

Incontestável gênio, Alfred Hitchcock apoiou grande parte de sua filmografia na exploração do fetiche. De visões mais refinadas como as de Buñuel, Cronenberg e Lynch, às mais radicais como no recente Serbian Movie, o que não faltam são exemplos de como o tema foi utilizado na tela grande. Afinal, não seriam todos os amantes do cinema em si praticantes do fetiche voyeurismo?

E para homenagear essa pratica tão comum entre todos nós, os Filmes Malditos faz, quatro anos depois, a segunda parte da sessão Fetiche, em obras que mostram que essa manifestação sexual pode ser tanto prazerosa e atraente quanto mórbida e lancinante. 

Para começar a sessão Cutting moments curta-metragem perturbador que mostra uma desequilibrada família e os mórbidos acontecimentos que farão com que ela se destrua. Maquiagem do sempre competente Tom Savini. Na seqüência Sick, a vida e a morte de Bob Flanagan, o super masoquista. Vídeos de infância, entrevistas com a família e performances sadomasoquistas, compõe esse premiado documentário sobre o polemico artista e poeta, que era portador de uma doença incurável. Logo após, o ultrajante e blasfemo Subconscious cruelty, filme de estréia de Karim Hussain, que levou cinco anos pra ser finalizado. Produção cercada de uma áurea maldita, foi censurado e banido em quase todos os países onde foi exibido. E pra encerrar a madrugada In my skin, escrito, dirigido e estrelado por Marina de Van, o longa frances retrata sem nenhuma sutileza o processo de degradação de uma mulher que fica obcecada em se automutilar após sofrer acidente.

 Programação:

00:00 – Cutting moments de Douglas Buck
00:30 – Sick – A vida e morte de Bob Flanagan, Super masoquista de Kirby Dick 
02:15 – Subconscious cruelty de Karim Hussain
03:50 – In my skin de Marina de Van

Serviço:
Filmes Malditos da Meia-Noite
Local: Cine Majestik
Endereço: Rua Major Facundo 866 - Centro
Data: 30 de julho (Sábado)
Hora: Meia Noite
Censura: 18 anos

Sinopses

Cutting moments (Idem, 1997, EUA, 26 min)
Família disfuncional entra num degradante espiral de acontecimentos que tomará dimensões terrivelmente trágicas 
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Sick – A vida e morte de Bob Flanagan, Super masoquista (1997, EUA, 90 min) 
Provocativo documentário que traça o perfil do artista performático Bob Flanagan - Sua obra, o romance sadomasoquista e a dolorosa batalha que travou contra a doença crônica que o matou em 1996. LEGENDAS EXCLUSIVAS
TRAILER
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Subconscious cruelty (Idem, 2000, CAN, 80 min)
Profano e surreal. Um mergulho profundo no lado mais obscuro e cruel da mente humana. Dividido em três segmentos escatológicos e de perversão sexual explicita, o longa canadense é considerado um dos filmes mais polêmicos já realizados. 
TRAILER

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In my skin (Dans ma peau, 2002, FRA, 90 min)
Após sofrer um acidente que rasga violentamente sua pele, mulher adquire crescente obsessão pelo seu próprio corpo culminando num angustiante processo de autodestruição.
TRAILER

Para ver também:

Singapore sling de Nikos Nikolaidis
Conspirators of Pleasure de Jan Svankmajer 
Vases de noces de hierry Zéno

Produção e curadoria - Alex Oliveira (alexxoliveira@gmail.com)
O cartaz desta edição é assinada pelo artista Jabson Rodrigues do coletivo MONSTRA

ESTE PROJETO É APOIADO PELA SECRETARIA ESTADUAL
CULTURA - LEI ESTADUAL Nº 13.811, DE 16 DE AGOSTO DE 2006